O que me preocupa não é o grito dos maus.
É o silêncio dos bons.
Martin Luther King

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

Reunião na ONU medirá o apoio que Teerã tem para resistir às pressões

Jamil Chade



De um lado, Teerã medirá o apoio de que dispõe para resistir às pressões do Ocidente. De outro, será um teste da capacidade da Casa Branca em reunir aliados para pressionar o governo de Ahmadinejad. O Brasil promete apontar violações dos direitos humanos no Irã e fazer sugestões sobre como melhorar a situação. Mas não mencionará as eleições presidenciais de 2009 - que, segundo a oposição, foram fraudadas. O Brasil também não deve apoiar a criação de uma comissão na ONU para investigar abusos de direitos humanos no Irã.

A reunião tratará, pela primeira vez desde 1979, da situação dos direitos humanos no Irã. Mas esse é, na realidade, apenas um ensaio para um possível debate no Conselho de Segurança da ONU sobre a adoção de sanções contra o Irã. A Casa Branca não esconde que quer usar a reunião para elevar a pressão sobre Ahmadinejad. A ideia é mostrar que não apenas Teerã quer ter uma bomba, mas que seu governo comete sérias violações dos direitos de seu povo. Ontem, cinco membros da minoria bahai foram presos. Outros sete estão detidos desde 2008, acusados de ameaçar a segurança nacional.

A Casa Branca promoveu um lobby nos últimos dias pedindo que países "sejam honestos" em relação ao Irã e não deixem de mencionar as violações praticadas pelo regime. "Queremos que o Brasil admita o que está ocorrendo no Irã", disse ao Estado o subsecretário de Estado americano, John Limbert.

O Brasil rejeita politizar o encontro, mas promete criticar a situação das mulheres e das crianças, além de defender a liberdade de expressão, a liberdade religiosa e a de associação. O Itamaraty quer demonstrar ao Irã que seu gesto de aproximação não é incondicional. Por isso, teria tomado a decisão de não apoiar a proposta de nomear um relator especial para investigar a situação dos direitos humanos no Irã.

A reunião será também uma guerra de imagens. Pelas regras, a sociedade civil terá direito de falar. Para garantir apoio, o governo do Irã levou a Genebra 30 ONGs para que deem seu testemunho em favor de Ahmadinejad. A reunião transformou-se numa das mais concorridas dos últimos anos. Vários países deixaram seus funcionários na fila por 12 horas para obter o direito de falar na tribuna.

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